quarta-feira, 7 de julho de 2010

Da Imprensa e da cidadania


Tenho observado há algum tempo que mesmo veículos de comunicação de grande reputação internacional tem se prestado a veicular texto que se confundem com peças que carecem da imparcialidade que se espera de um texto jornalístico. Não seria surpresa que isto tenha haver com a necessidade que cada vez mais comum que tem todas as grandes organizações de atenderem aos resultados econômicos desejados pelos seus acionistas.
Entretanto, o grande problema é que veículos que construíram reputações que os tornaram verdadeiras “instituições”, cujo discurso beneficia-se da legitimidade emprestada por tal condição e, no caso em particular de “instituições” que são quase como um oráculo do capitalismo, análises como estas tendem a legitimar-se ainda que as afirmações contidas nelas, como a que foi recentemente publicada sob o título “Welcome to the Latin American decade”, não se sustentam a um simples questionamento e vão, despudoradamente, de encontro ao que as mais simples das técnicas de análises Macroeconômica recomendariam que não fosse deixado de observar.


Some-se aos problemas expostos acima a fragilidade de nossa cidadania, ainda persistente, quando tomamos como “verdade absoluta” as informações que recebemos por intermédio de grandes veículos da comunicação nacional e internacional, apenas pelo fato de serem estas veiculadas por tais fontes.
Continuamos sendo muito provincianos. É por isso que em minha breve experiência como docente na academia, na qual costumava levar para a sala de aula os artigos de prestigiados veículos de imprensa nacional com o objetivo de propor uma análise crítica e mais detida sobre eles, a minha primeira recomendação, ou 1ª lição se assim o preferirem, era para que os alunos nunca iniciassem uma leitura como esta sem antes observarem as credenciais do autor, que se convencionou a ser sinalizada por um asterisco logo após o nome do mesmo e que, por sua vez, remete ao pé de página no qual as informações sobre o autor são dadas e cuja importância é crucial para que o próprio leitor “ponha as barbas de molho” antes de formar seu próprio juízo de valor, sobre qualquer tema, com base no que foi escrito por qualquer que seja a fonte, por mais reputada que seja.
Estou escrevendo um artigo que já intitulei: “Das nossas bolhas e das bolhas dos outros” no qual proponho uma visão mais, digamos, panorâmica no sentido que não olharmos nem para esquerda, nem para a direita ou mesmo para o centro e sim observarmos a paisagem como um todo, assim como o fazemos na natureza com o movimento das nuvens, com a mudança de direção dos ventos, com o comportamento dos pássaros e de todos os outros animais, tomando-os como os sinais de uma tempestade que vem se aproximando, ainda que o céu sobre as nossas cabeças permaneça sendo um “CEU DE BRIGADEIRO”.
Para subsidiar melhor as análises para este novo artigo e, por conseqüência, o próprio artigo, estou lendo o mais recente livro do Nouriel Roubini intitulado, no original em inglês, de: “A Crash Course in the Future of Finance”. Ainda ontem, véspera do dia no qual escrevi este artigo, fui dormir às 1h da manhã fazendo, de próprio punho, o fichamento das informações que venho colhendo neste livro. Porém, enquanto não termino isto, espero que artigos como este cujo título é citado acima e outros em contraposição de publicações nacionais de boa reputação que também tenho lido recentemente e guardado com este mesmo propósito de ter esta “visão panorâmica” do movimento das nuvens, da mudança de direção dos ventos, do comportamento dos pássaros e de todos os animais, conforme propus acima e tenho também exercitado em conversas informais com os meus interlocutores mais próximos.
Não obstante tudo isto, além de observar os sinais quanto à possível mudança do tempo, já estou também construindo o meu próprio “abrigo financeiro” para enfrentar a eventual tempestade econômica que se avizinha como também recomenda a boa prudência. É como diz o velho ditado: “Prudência de canja de galinha não fazem mal a ninguém”. Pelo sim, pelo não, este é sempre o melhor caminho, estar preparado para continuar voando mesmo quando o “CEU DE BRIGADEIRO” já dá sinais de mudança.

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