terça-feira, 21 de setembro de 2010

Da cidadania e da acessibilidade

Tenho reiteradamente discutido sobre a cidadania aqui neste Blog mais com ênfase nos DEVERES do cidadão para consigo mesmo e para com os seus concidadãos, do que em relação aos seus DIREITOS. Isto por que, se observado o nosso cotidiano, iremos constatar que o desrespeito aos nossos DIREITOS está intimamente ligado a inobservância dos DEVERES para com nós mesmos, cidadãos.
Portanto, neste artigo, a nossa proposta é chamar a atenção e dar um exemplo positivo do como podemos zelar mutuamente pelos nossos próprios direitos, a partir do exercício de nossos próprios deveres, como certamente queria nos chamar a atenção o famoso poeta Fernando Pessoa, quando proferiu este pensamento:
“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio têm qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”.
Uma renovada experiência, de ser pai pela segunda vez, chamou-me a atenção para um aspecto do nosso cotidiano que literalmente “passamos por cima” todos os dias sem que, sequer, ele nos chame a atenção para algo que afronta diretamente um dos direitos universais do ser cidadão, que é o direito de ir e vir. Pois, intrinsecamente está ligado a este direito algo que só se tornou mais comum “aos nossos ouvidos” muito recentemente e ficou conhecido como "acessibilidade".
Ainda que este seja um tema cuja atenção é recente em nossa sociedade brasileira, por isso mesmo há de se ressaltar que, a experiência de sensibilização que irei lhes relatar a seguir, aconteceu mesmo morando em uma das mais jovens cidades do DF, a cidade satélite de Águas Claras. Foi neste último ano e meio no qual tenho precisado utilizar o carrinho de bebê para deslocar-me em trajetos curtos com o meu filho caçula e, na vizinhança da cidade onde moro, mesmo assim passei a “sentir na pele” este que é um dos principais problemas enfrentados pelos cadeirantes e, de forma mais ampla, por todos os portadores de necessidades especiais cujo número, somente aqui no DF, chega a cerca de 170 mil habitantes, conforme me informou recentemente a amiga e colega Bárbara Barbosa, cujo trabalho voluntário é voltado principalmente para os deficientes auditivos aqui no Distrito Federal.
A inexistência de calçadas em muitos trechos de nossa cidade ou, quando existentes, calçadas irregulares ou mesmo cheias de buracos são verdadeiras armadilhas para todos nós e para qualquer cidadão, seja ele portador ou não de necessidades especiais. Isto sem contar a ausência das rampas entre o nível das calçadas e nível das ruas e avenidas que dificultam o acesso principalmente aos cadeirantes.
Entretanto, como foi dito acima, tal "insensibilidade" não diz respeito, apenas, às nossas autoridades públicas e às construtoras, mas também e, principalmente, a nós mesmos, cidadãos que não exigimos tais equipamento públicos diretamente dos nossos "fornecedores" desde o momento nos quais adquirimos os nossos imóveis e continuamos a não fazê-lo em relação aos nossos síndicos e administradores.
Diria que esta questão da acessibilidade é uma das provas de inequívoca insensibilidade quanto a uma das questões básicas que afetam ao cidadão, principalmente daqueles que são portadores de necessidades especiais, pois, se não temos estas que afetam a capacidade de locomoção do indivíduo, ou tampouco convivemos com pessoas que as tem, então, sequer conseguimos observar a baixa acessibilidade em nossas cidades nas quais vivemos e, se não somos sensíveis, também não cumprimos o nosso dever de AGIR a este respeito.
Comecei aqui ressaltando que este Blog se propõe a debater mais os DEVERES e é neste sentido que proponho AGIRMOS. Pois, se não houver ação do cidadão quanto à acessibilidade em nossos condomínios e nossas cidades, também continuarão insensíveis os nossos síndicos e administradores, pois, estes são apenas reflexos da qualidade da nossa cidadania.
Agir? Sim, conforme recomendou o Fernando Pessoa. Lhes darei aqui um bom exemplo próximo a este tema de como e de que vale à pena ter uma ”atitude Fernando Pessoa” como a da Bárbara Barbosa, citada acima, quando ela pleiteou a toda poderosa produtora americana Fox Filmes que incluísse nas cópias do um filme brasileiro intitulado: “Nosso Lar”, que já se mostra o mais novo sucesso de bilheteria do país, legendas em português para que os deficientes auditivos também possam assisti-lo no cinemas. A Bárbara BArbosa também mobilizou e incitou os seus concidadãos a escreverem para a Fox, reforçando seu pedido. Resultado? A Bárbara recebeu uma resposta positiva do representante da Fox Filmes aqui no Brasil e uma cópia editada com o apoio do grupo de apoio a deficientes ao qual a Bárbara faz parte já esta em exbibição na grande SP e em breve também será exibido emoutras cidades do país nas quais os movimentos sociais se mobilizarem, como já aconteceu também no DF.
Entretanto, se perderá “a pedra fundamental do castelo” que a Bárbara Barbosa está se mobilizando para edificar aqui no DF se ela não conseguir ajuda multiplicando a informação sobre as sessões especiais legendadas em português do filme Nosso Lar, que a Fox Filmes estará exibindo, em breve, também na Capital Federal. Todos nós podemos contribuir com oesforço da Bárbara Barbosa multiplicando esta corrente principalmente, mas não somente, junto aos portadores de deficiência auditiva e seus familiares, pois, assim eles poderão dar a audiência esperada pela Fox e, assim, poderemos tornar uma rotina a existência de cópias des filmes que estejam também atentos para esta "necessidade social". E então?!? Que tal exercitar o nosso AGIR e também aprender com a Bárbara ajudando-a? Vamos lá?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Da cidadania e do voto

Peter Drucker, notório "pensador" americano no campo da Administração moderna, "profetizou" ainda nos anos 60 que a nossa sociedade atual seria conhecida como a "Sociedade do Conhecimento", dado a crescente evolução dos meios de comunicação que facilitaria, cada vez mais, o acesso das pessoas às informações e estas, ao detê-la, seriam tanto mais poderosas quanto mais conhecimento detivessem.
Portanto, na Sociedade do Conhecimento conforme concebida por Peter Drucker, o poder - e as conseqüências que dela advém - se daria pelo acesso ao conhecimento, possibilitando às pessoas o poder de agir em prol de seus próprios interesses.
É mandatório notar que tal "profecia" de Drucker, se hoje já não parece tanto com um prenúncio dado a naturalidade atual com a qual encaramos isto, se deu a cerca de 40 anos atrás em um momento no qual ainda se vivia outro momento no qual, inclusive, a própria Administração, enquanto área de conhecimento, era dominada mais pelos ditos "especialistas", do que pelos profissionais de formação generalista de atualmente.
Isto se deu porque naquela época ainda era recente o advento da II Guerra Mundial no qual, por uma questão LITERALMENTE de vida ou morte, a "especialização" como a conhecemos hoje floresceu em função da necessidade de transformar os soldados, até então meros combatentes portando armas convencionais, em especialistas reunidos em batalhões “armados” de uma especialização em combate na qual os seus conhecimentos sobre um tema em particular eram as verdadeiras armas, e estas é que fariam a diferença no resultado de final cada batalha. Pois, aquela foi uma das guerras na qual a estratégia teve o seu lugar de honra, sendo o principal fator de decisão do combate e, por conseqüência, sendo também imprescindível que os soldados fossem treinados nas táticas às quais eles se tornariam verdadeiros especialistas.
Como a maioria das pessoas sabem atualmente, o grande boom da indústria americana no pós-guerra adveio justamente dos conhecimentos, das tecnologias e, por conseqüência, dos produtos criados para atender as exigências dos campos de batalha da II Guerra Mundial que, passada esta, tornaram-se parte de nosso cotidiano por intermédio das máquinas, dos equipamentos utilizados na indústria e até mesmo, ou principalmente, dos produtos de uso e consumo doméstico da nossa sociedade contemporânea.
Foi também neste ambiente do pós-guerra que os especialistas ganharam a notoriedade na sociedade contemporânea, principalmente inspirados nos americanos que transformaram-se no modelo de sociedade por excelência. Os engenheiros, também especialistas por excelência, aprofundaram-se ainda mais em áreas específicas de sua própria formação e os médicos, até então Clínicos Gerais que conheciam e examinavam seus pacientes como um ser humano completo e não apenas como uma parte de seu próprio corpo, passaram a ser vistos como profissionais de segunda categoria, quando confrontados com os seus colegas especialistas que se dedicavam a apenas a uma das múltiplas partes do corpo humano, aplicando o cartesianismo de uma forma que nem o próprio Descartes poderia ter imaginado.
Deste modelo “especialista” derivaram os diagnósticos que nos transformaram em verdadeiros Franksteins, visto que os males já não eram vistos como um mal a afetar o corpo humano como um todo e sim como uma disfunção de apenas uma de suas partes. Portanto, os pacientes passaram a ser analisados unicamente a partir do ponto de vista do "especialista", no qual cada um das partes é vista a partir de si mesma e não como part de um sistema - complexo e integrado – no qual o mal que afeta um membro torna doente todo o sistema. Neste modelo “especialista”, os nossos os médicos tornaram-se verdadeiros "engenheiros do corpo humano".
Ressalvados os benefícios advindos do conhecimento mais profundos obtidos por estes "médicos-engenheiros" a respeito do funcionamento de cada uma das partes do nosso corpo, um dos grandes problemas desta especialização é o fato de que o ser humano não é uma máquina - ao menos, não como a imaginaria um engenheiro ou um médico-especialista - como muito bem nos chamou atenção o fabuloso Charles Chaplin em seu clássico filme intitulado, em português: "Tempos Modernos", ou ainda em seu outro filme “O grande ditador” no qual ficou notabilizada a famosa frase: "Não sois máquina! Homens é o que sois!".
Bem, e aonde nos leva toda esta digressão a respeito do tema central deste artigo intitulado "Da cidadania e do voto”. E o que tem haver este com a abordagem inicial a respeito da Sociedade do Conhecimento de Peter Drucker? A questão é que neste momento no qual nos preparamos para exercitar a maior expressão da cidadania, exercendo um direito que na realidade é também um dever do cidadão, como tudo a que a ele diz respeito, temos então que refletir sobre esta questão da "especialização" também do ponto de vista da análise das informações que nos chegam e que balizam as nossas escolhas neste momento tão solene. Principalmente quanto a aceitamos a idéia cartesiana de que a necrose de um membro não afeta o sistema corpóreo como um todo e que, assim sendo, a cabeça não coaduna com o corpo.
Se vivemos hoje nesta Sociedade do Conhecimento, como a definiu Peter Drucker, e o acesso às informações nos permite exercer de forma cada vez mais consciente o "poder de nossa escolha". Então, enquanto cidadãos de uma sociedade que se vê como democrática, não devemos ignorar o que temiam os próprios atenienses, berço no qual foi fecundada e fundada o que conhecemos hoje como Democracia enquanto sistema político de decisão, quando eles condenavam ao ostracismo¹ àqueles cujo poder da "personalidade" tendia a tornar-se maior do que o poder do próprio povo, ao contrário de alçá-los à condição de “guia”. Pois, os atenienses já tinham em mente a experiência anterior vivida com Pisístrado e por isso temiam que os efeitos de tal popularismo degenerassem o sistema que eles mesmos haviam criado, como já havia acontecido no alvorecer da democracia de Atenas.
Portanto, em um regime verdadeiramente democrático no qual a lei deve imperar de acordo com o espírito no qual a mesma foi pensada e criada pelo legislador, na qualidade de representante do povo, devemos refletir lembrando-se das palavras daquele que é tido como a fonte do Direito ocidental, Montesquieu, quando este afirmou: "Em um tempo de ignorância, não se duvida nunca, mesmo quando se pratica os maiores males; num tempo de luzes, treme-se [mesmo] quando se pratica os maiores bens".

¹OSTRACISMO: em sua origem grega designa o ato no qual os atenienses votavam pelo exílio por 10 anos para aqueles cuja popularidade eles entendiam que era uma ameaça à própria democracia na forma que eles próprios haviam concebido.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Da Imprensa e da cidadania


Tenho observado há algum tempo que mesmo veículos de comunicação de grande reputação internacional tem se prestado a veicular texto que se confundem com peças que carecem da imparcialidade que se espera de um texto jornalístico. Não seria surpresa que isto tenha haver com a necessidade que cada vez mais comum que tem todas as grandes organizações de atenderem aos resultados econômicos desejados pelos seus acionistas.
Entretanto, o grande problema é que veículos que construíram reputações que os tornaram verdadeiras “instituições”, cujo discurso beneficia-se da legitimidade emprestada por tal condição e, no caso em particular de “instituições” que são quase como um oráculo do capitalismo, análises como estas tendem a legitimar-se ainda que as afirmações contidas nelas, como a que foi recentemente publicada sob o título “Welcome to the Latin American decade”, não se sustentam a um simples questionamento e vão, despudoradamente, de encontro ao que as mais simples das técnicas de análises Macroeconômica recomendariam que não fosse deixado de observar.


Some-se aos problemas expostos acima a fragilidade de nossa cidadania, ainda persistente, quando tomamos como “verdade absoluta” as informações que recebemos por intermédio de grandes veículos da comunicação nacional e internacional, apenas pelo fato de serem estas veiculadas por tais fontes.
Continuamos sendo muito provincianos. É por isso que em minha breve experiência como docente na academia, na qual costumava levar para a sala de aula os artigos de prestigiados veículos de imprensa nacional com o objetivo de propor uma análise crítica e mais detida sobre eles, a minha primeira recomendação, ou 1ª lição se assim o preferirem, era para que os alunos nunca iniciassem uma leitura como esta sem antes observarem as credenciais do autor, que se convencionou a ser sinalizada por um asterisco logo após o nome do mesmo e que, por sua vez, remete ao pé de página no qual as informações sobre o autor são dadas e cuja importância é crucial para que o próprio leitor “ponha as barbas de molho” antes de formar seu próprio juízo de valor, sobre qualquer tema, com base no que foi escrito por qualquer que seja a fonte, por mais reputada que seja.
Estou escrevendo um artigo que já intitulei: “Das nossas bolhas e das bolhas dos outros” no qual proponho uma visão mais, digamos, panorâmica no sentido que não olharmos nem para esquerda, nem para a direita ou mesmo para o centro e sim observarmos a paisagem como um todo, assim como o fazemos na natureza com o movimento das nuvens, com a mudança de direção dos ventos, com o comportamento dos pássaros e de todos os outros animais, tomando-os como os sinais de uma tempestade que vem se aproximando, ainda que o céu sobre as nossas cabeças permaneça sendo um “CEU DE BRIGADEIRO”.
Para subsidiar melhor as análises para este novo artigo e, por conseqüência, o próprio artigo, estou lendo o mais recente livro do Nouriel Roubini intitulado, no original em inglês, de: “A Crash Course in the Future of Finance”. Ainda ontem, véspera do dia no qual escrevi este artigo, fui dormir às 1h da manhã fazendo, de próprio punho, o fichamento das informações que venho colhendo neste livro. Porém, enquanto não termino isto, espero que artigos como este cujo título é citado acima e outros em contraposição de publicações nacionais de boa reputação que também tenho lido recentemente e guardado com este mesmo propósito de ter esta “visão panorâmica” do movimento das nuvens, da mudança de direção dos ventos, do comportamento dos pássaros e de todos os animais, conforme propus acima e tenho também exercitado em conversas informais com os meus interlocutores mais próximos.
Não obstante tudo isto, além de observar os sinais quanto à possível mudança do tempo, já estou também construindo o meu próprio “abrigo financeiro” para enfrentar a eventual tempestade econômica que se avizinha como também recomenda a boa prudência. É como diz o velho ditado: “Prudência de canja de galinha não fazem mal a ninguém”. Pelo sim, pelo não, este é sempre o melhor caminho, estar preparado para continuar voando mesmo quando o “CEU DE BRIGADEIRO” já dá sinais de mudança.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Da Seleção Brasileira e da cidadania

Parodiando uma frase que ficou muito popular nos últimos anos: “Nunca na história deste país a realidade brasileira fora de campo foi melhor do que aquela que vimos lá nos campos da África do Sul”. Que me perdoem o infeliz trocadilho. Entretanto, ao menos desta vez, não teremos nenhum candidato, de qualquer partido, "fazendo gol com a bola dos outros".


Por isso, neste exato momento no qual estamos todos lamentando o destino da Seleção Brasileira na Copa do mundo 2010, gostaria de propor uma reflexão a todos nós brasileiros: Temos, realmente, mais razão para nos lamentar do que para comemorar?


A derrota para Holanda por 2 x 1 na manhã deste dia 02 de julho de 2010 pode ser vista também por outro ângulo positivo. Pois, se durante todos estes anos desde 1958 até 2002, durante os quais fomos “os grandes campeões” e chegamos ao Pentacampeonato, temos ouvido dizer que o futebol é o ópio do povo e dele se beneficiam “àqueles outros brasileiros” para desviarem a nossa atenção das questões que verdadeiramente nos levaria a uma conquista histórica, a do título de campeões do mundo em desenvolvimento, não só econômico, mas principalmente social. Então, com a abreviação do final da “Copa da África” abrevia-se também o estado de catarse que este ópio do povo costuma nos causar e, portanto, também abreviamos o início das verdadeiras discussões que devem nos interessar.
Embora sejam tão comuns os debates de quatro em quatro ano entre todos os cidadãos brasileiros, de qualquer gênero, infelizmente estes se restringem ao desempenho de nossos representantes na Seleção Brasileira de futebol e não àqueles representantes que, verdadeiramente, poderiam nos tornar campeões do mundo naquela outra categoria na qual os times da Europa tem nos dado um banho de futebol.
O pior é que este outro calendário coincide com a Copa do Mundo de futebol, parece até que foi planejamento justamente com este propósito, para coincidirem com aquelas que são as eleições brasileiras mais importantes, a do nosso Parlamento Nacional e as eleições majoritárias daqueles que conduzirão os nossos destinos, enquanto cidadãos brasileiros, pelo menos durante os próximos quatro anos e até Copa do Mundo de 2014.

Portanto, vamos aproveitar esta oportunidade na qual o destino está nos sorrindo com o que pode até nos parecer uma “tragédia”, a desclassificação da Seleção Brasileira nas quartas de final da Copa do Mundo da África do Sul, no qual estamos também “motivados” pelas eventuais “arbitrariedades” dos juízes de futebol no resultado do jogo da Seleção Brasileira contra a Holanda, e vamos agora “ligar nossas televisões” e assistir a estes outros embates aqui nos “campos do Brasil” tão atentamente quanto o fizemos aos embates nos campos da África.
Porém, nesta outra "Copa do Mundo do Brasil", que também só acontece de quatro em quatro anos, existe uma grande diferença: nós cidadãos brasileiros teremos uma condição única e privilegiada na qual todos os torcedores de qualquer seleção, de qualquer país e em qualquer Copa do Mundo almejariam estar: ser ao mesmo tempo o árbitro destas partidas e ainda, ao final, serem também os verdadeiros campeões que levantarão a taça.
Vamos lá Brasil!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Da cidadania e da qualidade dos serviços

Tenho dito e repetido aos meus familiares, amigos, colegas e todos os meus interlocutores mais próximos que, ao contrário do senso comum quanto a no Sudeste encontramos os melhores serviços em função, principalmente, de que as pessoas são mais adequadamente treinadas, não obstante o atendimento desta profissionalíssima região ainda carecer da mesma simpatia que no Nordeste costumamos encontrar com muita freqüência e que, também como sugere o senso comum, esta última simpática região carecer justamente de um treinamento mais adequado para as pessoas que trabalham no setor de serviços, neste setor aqui Brasília parece que conseguimos reunir, em uma só cidade, os pontos fracos daquelas outras duas regiões: a carência de simpatia e a carência de treinamento. Salvo, como em toda regra, raríssimas e honrosas exceções.

Pois é, isto que está posto acima também parece não ser diferente em relação aos DIREITOS e também aos DEVERES concernentes a cidadania. E isto acontece na Capital Federal e em um regime considerado democrático!!! Causa e Efeito!?! A filosofia oriental sugere que não é uma questão do que é bom e do que é ruim e sim do equilíbrio entre todas as coisas, no qual encontramos o espaço de convivência ideal.

Bom, creio que isto possa estar ligado ao fato de que a maioria aqui é empregado do Estado. Então, aqui o Estado é visto, antes de qualquer coisa, como o patrão. Então, como os empregados costumam temer os patrões, talvez isto explique este status quo. Muito embora eu considere isto um grande equívoco, pois, MEDO tem pouco, ou nada, haver com RESPEITO. Este sim devemos ter, TODOS, uns pelos outros.

RESPEITO SIM, mas não por uma questão puramente de hierarquia, neste caso mais afeto aos regimes autocráticos nos quais os DÉSPOTAS são os "patrões" e não aos regimes democráticos no qual o Brasil vive hoje. Tampouco, o verdadeiro respeito deve estar subordinado ao poder econômico, pois, ele é algo que deve ser conquistado por mérito, mas nunca imposto e, por isto, não costuma ser obtido em contrapartida a um bem econômico, mas sim pela gratidão de quem também se sente respeitado em suas idéias, convicções (ainda que possam estar equivocadas), condição social e econômica e, principalmente, em seus direitos enquanto cidadão. O contrário disto seria mais bem classificado de bajulação interesseira, do que propriamente de respeito, o que da mesma forma também não é nenhum mérito para quem é o agente passivo desta. Pelo contrário, deprecia quem a recebe.

Pois então, depois de dois anos vivendo aqui nesta cidade, já começava a me sentir cooptado e cúmplice em meio a toda esta passividade e submissão que, da mesma forma, em nada se confunde com insubordinação, como "convenientemente" os regimes ditatoriais quiseram classificar as manifestações de cidadania em nossa história passada recente.

É por isso tudo que resolvi, então, soltar a voz e manifestar-me contra este status quo. Mas, manifestar-me não contra qualquer partido, nem tomar partido, muito menos contra o governo, nem contra qualquer governo, e nem mesmo em favor do cidadão, se e quando a cidadania estiver sendo afetada por um dos seus. Pois, muitas vezes também esquecemos, também "convenientemente", de que o "ser cidadão" implica não só em DIREITOS, mas também em DEVERES para consigo mesmo, para com suas famílias, seus amigos, seus vizinhos, sua comunidade, sua cidade e, resumindo tudo isto, com a sua própria CIDADANIA!

Portanto, foi como um cidadão consciente não só de seus direitos de manifestar-se, mas também de seus deveres de, a partir disto, também motivar e viabilizar os mesmos meios para que os outros cidadãos também o fizessem, é que nasceram estes canais batizados de: "CIDADÃO CANDANGO". Quem sabe eles não sejam uma das sementes do despertar deste TORPOR CIDADÃO que esta cidade vive atualmente??? Bom, mas é como diz a canção que John Lenon escreveu: "You may say, I'm a dreamer. But, I'm not the only one...".

Então, ao menos torne-se um “seguidor” destes canais, clicando no respectivo botão dos sites: Blog Cidadão Candango, Canal Cidadão Candango. Assim, a sua simples audiência já será o suficiente para que vocês também mudem o status quo e se tornem os AGENTES ATIVOS desta mudança. Pois, é também pela audiência que estes canais se tornarão o que pretende ser, uma manifestação da cidadania.

sábado, 12 de junho de 2010

Do ser cidadão

Segundo o Aurélio, cidadania é a qualidade ou estado do cidadão. Entende-se por cidadão, o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado ou no desempenho de seus deveres para com este.
No sentido etimológico, a palavra cidadão deriva da palavra em latim CIVITA que, por sua vez, significa cidade e tem seu equivalente em grego na palavra POLITIKOS, que é aquele que habita na cidade. Entretanto, será que tais definições encerram em si mesmas a real dimensão do ser cidadão?

O filósofo alemão Immanuel Kant, que estudou teologia por influência de seus pais, encantou-se pela física e matemática e acabou por lecionar estas disciplinas por 15 anos, incluindo lógica, metafísica, e filosofia moral. Foi baseado nestas ciências que Kant elaborou as bases de sua filosofia. Nela, ele buscou pacificar as diversas linhas filosóficas que se propunham a discutir as chamadas "verdades absolutas" ou "razão pura". Entretanto, o que tem a ver a filosofia de Kant com o ser cidadão, ou com cidadania?
Segundo Kant e o conceito contido em sua obra: "Crítica da Razão Pura", é possível chegarmos a certas verdades sem necessariamente precisarmos viver as experiências que assim as tornam, ou seja, de um modo prático isto pode ser definido como naquela conhecida frase que recomenda: "Aprenda também com os erros dos outros, você não viverá tempo suficiente para cometê-los todos sozinho".
Contudo, a mensagem mais importante da filosofia de Kant, que de certa forma também conciliou dogmas religiosos, ciências exactas e filosofia, é a de que maior razão pela qual NÃO devemos quebrar certas REGRAS de convivência social, senão para não atentar contra as leis divinas ou contra as questões éticas, é pela simples razão que mantém o universo em equilíbrio.
Estas regras são as mesmas que estão presentes nas leis da natureza, que o próprio Newton havia demonstrado, na Física, a possibilidade de reduzir a fórmulas matematicamente exatas: CAUSA e EFEITO!
Portanto, uma regra básica pela qual devemos nos pautar em nossa vida em sociedade, é a de que não devemos nos comportar da maneira que vocês verão neste vídeo no canal Cidadão Candango
, pelo simples fato que, cedo o tarde, os efeitos aos quais demos causa também afetarão a nós mesmos. Pois, independente de qualquer punição de origem humana ou divina, é assim que o universo mantém o seu equilíbrio.